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LSD: -  um perigo não toxicológico mas comportamental/psicológico

 

 

​Um salto Mortal



Em 1995, um jovem de 19 anos, sem história prévia de consumo de álcool ou drogas, não depressivo, saltou de uma janela do 16º andar de um edifício, com morte por fraturas múltiplas [1].



Os amigos referiram que este comportamento se verificou após a toma de LSD.



Na sua autópsia foram recolhidas amostras de  sangue, humor vítreo e urina.



A análise subsequente confirmou o não abuso de álcool nem outras drogas. 



As determinações por radioimunoensaio revelaram consumo de LSD.



Após as análises realizadas, as amostras foram conservadas durante 10 anos.



Em 2005, procedeu-se à análise do sangue femural conservado, por cromatografia líquida de alta-performance acoplada a espetrometria de massa, com resultados positivos para a presença de LSD e do seu metabolito 2-oxo-3-hidroxi-LSD, como se pode verificar na figura 1.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Figura 1: Presença de LSD e do seu metabolito - 2-oxo-3-hidroxi-LSD numa amostra de sangue femural conservada durante 10 anos, por cromatografia líquida de alta performance associada a espetrometria de massa.

 

 

Relação entre toma de LSD e anestesia.





A relação entre toma de LSD e alterações na anestesia ainda não é clara, contudo já foram relatados casos em que anos após a toma de LSD, no decorrer de uma operação cirúrgica, houve complicações relacionadas com a anestesia.


Em 1978 um homem de 28 anos de idade que se apresentou para uma cirurgia dentoalveolar foi submetido a anestesia, durante esta cirurgia foram removidos três dentes molares [2]. Os sinais vitais mantiveram-se estáveis ao longo de tudo o processo efectuado. Contudo 15 minutos após o fim da cirurgia o individuo apresentou um episódio de catalético (fenómeno caracterizado pela perda da capacidade de movimentação e diminuição de sensibilidade aos estímulos). No decorrer deste ataque ele não mostrou qualquer resposta a estímulos de dor moderados nem responde a ordem verbais. Apenas 50 minutos depois o paciente revelou fenómenos de flashback e reconheceu a toma de LSD cerca de 10 anos antes. 


Um outro caso, em 1995, reporta uma mulher de 43 anos que se apresenta numa pré consulta de cirurgia e que confessa ter algum receio da anestesia geral uma vez que já por três vezes vivenciou pesadelos violentos em cirurgias anteriores [3]. No decorrer desta confissão foi-lhe feito um interrogatório no qual ela admitiu ter consumido LSD nos finais da década de 60 (última toma em 1968). Contudo até à data não tinha revelado qualquer sintoma/alucinação que pudesse ser associado a essa toma anterior 

 

Na tentativa de minimizar os sonhos anteriormente vivenciados, foi-lhe administrada uma anestesia diferente das que até ai tinham sido usadas. 20 minutos depois da recuperação ela admitiu não ter tido pesadelos ou alucinações, contudo confessa uma sensação de “ser coberta com folhas” durante a cirurgia.


A verdadeira relação entre estas experiências e a toma de LSD não é absoluta contudo a possibilidade de relação não pode ser desvalorizada.



Referências



[1] -Chung, A,  et all (2009). Validated ultra-performance liquid chromatography-tandem mass spectrometry method for analyzing LSD, iso-LSD, nor-LSD, and O-H-LSD in blood and urine. Journal of Analytical Toxicology. 33:253-259



​​[2] - Grossman TM. (1978). “Post-Anesthesia Catalepsy In an LSD User”. Anesth. Prog.. 25(4):123.

[3] - Morris G., Magee P., (1995) Anaesthesia and past use of LSD, Canadian Journal of Anaesthesia, 42, (2): 177

 

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