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Farmacologia do LSD

Uma dose moderada (75-150 µg p.d) the LSD altera significativamente o estado de consciência: surge especialmente a capacidade alucinogénica.[1] O individuo começa a apresentar alterações como ilusões, pseudo-alucinações, sinestesias e alterações na capacidade e tempo de raciocínio. 

Os efeitos da utilização aguda de LSD duram cerca de 6 a 10h, dependendo da dose.

Em algumas situações, chamadas "bad trips" pode ocorrer aumento do tempo de duração dos efeitos, podendo mesmo ocorrer fenómenos de flash back.

​FARMACOCINÉTICA

ABSORÇÃO

Após ingestão o LSD é completamente absorvido no trato gastrointestinal. [1] Em tomas de 100-250 µg, efeitos psicológico e simpaticomiméticos persistem durante 30-45 minutos atingindo pico após 1.5-2.5h.

Estudos demonstram que a quantidade e tipo de refeição, tanto como o pH do estômago e do duodeno vão influenciar a absorção do LSD 



​DISTRIBUIÇÃO

A distribuição e quantificação de LSD nos tecidos e sistemas de orgãos humanos  ainda necessita de ser realizado.[1] Todavia, estudos realizado noutros mamíferos indicam a presença de LSD em concentrações consideráveis no cérebro e no liquido cefalo-raquidiano. [1] Assim,  demonstram que o LSD consegue facilmente passar a barreira hematoencefálica.

Apenas um estudo foi realizado sobre os niveis plasmáticos de LSD em humanos. Neste, para doses de 2µg/kg i.v. os níveis plasmáticos após 30 minutos eram de 6-7ng/mL e durante as 8h subsequentes diminuiam até as concentrações de LSD serem diminutas (ver Figura 2).

FARMACODINÂMICA

Síndrome Serotoninérgica



O LSD, como veremos mais adiante, provoca fenómenos psíquicos como alucinações, delírios e ilusões.

Isto ocorre devido à ocorrência da chamada Síndrome Serotoninérgica.[1][2][4]

Esta substância possui um núcleo indólico na sua estrutura química, tornando-se estruturalmente semelhante  ao neurotransmissor serotonina ( ver Figura 4). Por esta razão esta droga interfere no mecanismo de acção da serotonina. [2][4]



SEROTONINA

A serotonina (5-hidroxitriptamina ou 5-HT) produzida pelos neurónios serotoninérgicos, que se localizam predominantemente nos núcleos medianos do rafe, desde o tronco cerebral até à medula.[1]

Este neurotransmissor modula vários processos psicológicos e fisiológicos, incluindo humor, personalidade, afeto, apetite, função motora, atividade sexual, regulação da temperatura, percepção da dor, indução do sono, e até libertação de hormona antidiurética. [4]

Dado que os sistemas serotonérgicos parecem estar intimamente envolvidas no controlo da sensibilidade, o sono, a atenção, e o humor, pode ser possível para explicar as acções de LSD e outros alucinógenos pela sua desinibição destes crítico sistemas. [1]

M​ETABOLIZAÇÃO​
O tempo de semi-vida nos humanos é cerca de 175 minutos. [1]  A metabolização é maioritariamente realizada no fígado. Esta inicia-se rapidamente transformando o LSD em vários metabolitos (ver Figura 3).
O LSD é metabolizado por enzimas NADH-dependentes microssomais nas formas inactivas  como 2-oxo-LSD e 2-oxo-3-hidroxi-LSD. Estes  e muitos outros metabolitos estrututralmente semelhantes surgem na urina (ver Figura 3)


EXCREÇÃO
​Urina e Fezes.[3] Para doses de 200 µg p.d, o máximo de excreção do LSD ocorre após 4-6h após toma.[1] O tempo de semi-vida é de 3,6h e o LSD e os seus metabolitos continuam a ser detectáveis

 na urina durante 4 dias 

após a toma.

LSD vs SEROTONINA

Sendo estruturalmente semelhantes (ver Figura 4), o LSD liga-se aos receptores serotoninérgicos (5-HT) agindo como agonista destes receptores. 

RECEPTORES 5-HT

Existem 7 tipos de receptores serotoninergicos (5-HT1 a 5-HT7) muitos deles possuindo inclusivé sub-tipos. [1]

Dados cientificos demonstram que os tipos 5-HT1/2A são os mais importantes ao nÍvel da síndrome serotoninérgica.

O LSD age como um agonista do receptor 5-HT (5-HT1A), tendo elevada afinidade para outros subtipos de 5-HT1 (5-HT1B, 5-HT1D, e 5-HT1E).

Efeitos de LSD no receptor 5-HT2C, 5-HT5A, 5-HT6, e 5-HT7 receptores são descritos, mas seu significado permanece incerto.

No entanto, o efeito alucinogénico do LSD foi relacionado com a sua afinidade para o receptor 5-HT2, onde actua como um agonista. [4]

Há estudos sobre a afinidade do LSD para receptores 5-HT2 in vitro e in vivo.  

Dos múltiplos subtipos de receptores 5-HT2, receptores 5-HT2A são encontrados com maior densidade no córtex cerebral, fazendo com que o receptor de 5-HT2A esteja no local mais provável para a ação alucinogénica.



Esta teoria é apoiada por um estudo em animais, que mostra que um antagonista selectivo de 5-HT2A podem inibir os efeitos do LSD. 

Referências

[1]T. Passie et al, CNS Neuroscience & Therapeutics14 (2008), 295-314

[2]Pedro Cintra, Ana Ramos, Síndrome serotoninérgico: manifestações clínicas, diagnósticoterapêutica; 88, Revista do serviço de psiquiatria do Hospital Fernando Fonseca

[3] http://www.drugabase.gov/publications/drugfacts/halluvinogens-lsd-peyote-psilocybin-pcp

[4]Flomenbaum, Neal E. et al, Goldfrank's Toxicologic Emergencies, 8, Part C - The Clinical Basis of Medical Toxicology, Section I - Case Studies,H - Substances of Abuse,Chapter 80 - Hallucinogens

Figura 3: metabolitos resusltantes da metabolização hepática do LSD

T. Passie et al, CNS Neuroscience & Therapeutics14 (2008), 295-314

Figura 2: Perfil de distribuição do LSD a níveis plasmáticos.

T. Passie et al, CNS Neuroscience & Therapeutics14 (2008), 295-314

Figura 4: Estruturas químicas do LSD e da Serotonina

http://www.elmhurst.edu/~chm/vchembook/images2/672lsd.gif, consultado em 22-05-2013



Figura 5:  serotonina e recetores

http://3.bp.blogspot.com/_fb7_VFZ59b0/S2FzGDdvL8I/AAAAAAAAAcY/rG2bBlcmGog/s320/nerve-6.gif, consultado em 22-05-2013

OUTROS RECEPTORES

 

Embora a maioria da investigação tem incidido sobre o papel da serotonina para alucinações induzidas por drogas, outros neurotransmissores estão envolvidos. [4]

A estimulação dos receptores 5-HT2A aumenta libertação de glutamato na camada cortical das células piramidais. Por outro lado, o LSD é capaz de estimular receptores da dopamina (D1 e D2), de modular o N-metil-D -aspartato (NMDA), entre outros.

Têm surgido teorias sobre a influência do tálamo como mediador da psicose orgância. Vários neurotransmissores, incluindo a dopamina, acetilcolina, ácido

3-aminobutírico (GABA), e glutamato, exercem as suas ações sobre o tálamo.

Diminuição  do neurotransmissor inibitório ou aumento do excitatório nesta região do cérebro pode levar a uma sobrecarga sensorial que se manifesta clinicamente como sintomas de psicose.

Figura 6: Dopamina - estrutura química

http://www.pcginfosystem.com.br/oort/thinkquest/sites/00004/imagens/dopamina.png, consultado em 22-05-2'013

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